sábado, 26 de janeiro de 2013

quimera


quimera

A poeira fez cortina
cobriu todos os livros
empilhados na escrivaninha
não fiz nada para impedir
assisti passivo
percebi,
esses livros não são meus...
onde andarão meus poemas?
amassados,
no fundo das gavetas
escondidos como eu
licantropia infeliz
viver nesses dois mundos,
lógica e paixão
poesia, equação
amor, filosofia
a vida, agonia
existir, desistir
pensar, sentir...

...no meio da história...


...no meio da história...

Na cabeça, o carinho do temporal de agosto,
a mão fria do pai nos cabelos do filho.
Fantasia amarela e azul
improvável bobo no descampado.
Os trilhos muito retos
carregavam seus olhos
para lugar nenhum no horizonte verde.
A carne roxa,
por baixo das unhas
amolecidas de umidade,
denunciando o frio de existir.
Isolamento.
O atoleiro ao seu redor,
a própria vida,
chuva impiedosa,
verdade divina,
igualando todas as coisas,
limpando todas as almas.
Não tinha nada!
nada à perder, nada à ganhar
que verdade mais clara...
Andou devagar,
um passo por vez,
as mãos geladas
nos bolsos furados.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Temporal


Temporal

No meu peito existe um buraco,
não, um furo...
talvez seja melhor dizer fenda,
ou fissura...
enfim,
um espaço.
Por onde a dor esvai,
gota a gota
alagando o mundo,
goteira sem balde
das tormentas da alma.

Burlamaque


Burlamaque

A pele morena
quente e doce.
Caramelo recém feito
os olhos tão negros
viam o que eu não via,
deslumbrante.
Clareava o dia em seus lençóis
e ela sorria,
me chamando,
convidando pra dormir.