segunda-feira, 26 de agosto de 2013

en mi menor

en mi menor

na milonga
não atrevo
toda língua tem seus gênios
toda pátria tem seus mitos
na milonga
não atrevo
mesmo sendo instinto
gaúcho
quieto
simples mateador
por respeito,
na milonga
não atrevo
vejo Borges
cruzando a praça
Entrevero
um céu blindado ao seu redor
baixo os olhos
sinto o vento
fico
en mi menor
na milonga
não atrevo.

domingo, 11 de agosto de 2013

se estou por baixo

se estou por baixo

vem
você está por cima
me ensina,
o ritmo que já sei,
que tudo nos espera,
e de novo,
tudo bem.
dominamos só o tempo,
e não a pele que transpira,
que escorre,
no espaço zero entre nós.
a complexidade do universo
reduzida
ao mamilo
a saliva
naquilo que vislumbro,
se estou por baixo.

domingo, 4 de agosto de 2013

travesseiro

travesseiro

meu bem,
me dá um beijo de absinto,
verde, leve, todo anis.
tenho doze anos nessa dose
e duas pedras de gelo no meu copo,
tenho o brilho do teu corpo,
nessa luz que vem da rua.
nua,
manda eu escolher,
entre o gim e a tequila,
e eu só penso nos teus lábios,
nessa boca entreaberta,
língua quente, sal, limão...
tequila então.
deixa o tempo lá fora,
o gelo derretendo,
e esse travesseiro no chão.