domingo, 28 de julho de 2013

bela morte

bela morte

que bela morte
no vaso sanitário,
calças arriadas,
e nem é minha melhor calça.
algo não está funcionando bem,
o silêncio
fugiu de mim,
definitivamente.
e nem o que era meu,
nem isso me pertence,
que bela morte
na privada,
privado,
de melhor sorte.

domingo, 21 de julho de 2013

desengajado

desengajado

esses braços não levantam bandeiras,
campeões das causas perdidas.
escuto os gritos,
vejo os fogos,
e nada emociona de verdade,
é só outro ato do circo.
substituir o poder,
subverter a ordem,
é trocar seis por meia dúzia,
homem no lugar de homem,
serpente devorando o próprio rabo.
minha alma não pertence,
nem a Deus ou ao Diabo,
escolho o caminho mais difícil.
EU
um dia após o outro,
a barba crescendo no espelho,
as contas, as dores,
labirinto, brigas de vizinhos,
meu time que não ganha,
o inverno que acaba,
preço do vinho que aumenta.
quer resolver meus problemas?
termine esse poema.

sábado, 13 de julho de 2013

poema impossível

poema impossível

um poema impossível
insiste em nascer,
parido e morto,
sempre,
na mesma frase,
na mesma fase,
no tempo tão raro,
que tem para ser.
morto por quem liga,
morto por quem passa,
pelos médicos,
pelos palhaços,
pela puta faminta
que faz pose na praça,
morto por um parente,
que não entende,
a necessidade urgente,
de quem precisa escrever.
morto,
por quem não respeita
o minuto de silêncio,
executado no peito,
abismo calado,
onde um poema impossível
insiste em nascer.

domingo, 7 de julho de 2013

herança

herança

fiquei no mesmo lugar,
e não impressiono ninguém,
não pressiono também,
com essa tinta e papel.
posso cuspir em retratos,
passar fome em abril,
posso sentir...
quebrado e febril.
posso sorrir com falsidade.
será que isso é falhar?
tenho certeza que não,
no meu mundo,
os valores são outros.
não convenço, eu sei,
mas deixei papéis no caminho,
documentando,
o sucesso em viver,
o fracasso de existir.