quinta-feira, 20 de novembro de 2014

3 horas sob o sol

3 horas sob sol

não há alternativa,
todo mundo
alternativo.
piercing,
cabelo,
maconha,
tattoo
e umbigo.
vozes roucas,
cabelos loucos,
pintados,
caídos.
volto pra casa desolado,
não há alternativa,
todo mundo
alternativo.
eu recluso,
me recuso
com o Buck e o Schop,
é que sou convencional?
nunca mais,
3 horas sob o sol.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

é proibido

é proibido

felicidade não!!!
é proibido ser feliz.
pode andar
de sapato vermelho, (imposição do estado)
tamanho 74,
e com bola vermelha
enfeitando o nariz.
mas de resto...
é proibido ser feliz.
talvez envolva,
um pouco de sangue,
a festa que eu não fiz.
depois das 22h
proibido barulho,
lamina e cicatriz.
está definido,
é PROIBIDO
ser feliz.

domingo, 12 de outubro de 2014

lado b

lado b

eu tenho essa sensação
de que não há espaço pra mim,
todo o mundo
tem tanto talento
e eu com essa caneta quebrada
roendo as unhas no escuro.
sim,
a vida é um muro.
e qualquer um grava
e é parado na rua
tira fotos com estranhos e pôneis.
e ganha convites mil
pra exposições, saraus, vernissages, ménages...
tudo isso
me deixa a sensação
de que não há espaço pra mim,
escuto sempre o mesmo CD
e a modernidade não me deixa virar o disco
pois CD só tem um lado
meu Deus!
mataram o lado B.
de fato,
não há espaço pra mim,
nem unhas,
nem nada.


sábado, 27 de setembro de 2014

contrastes

contrastes

terminar o vinho
ver a lenha virar cinza
afastar o frio dos pés
com qualquer coisa nas entranhas.
desfiar tristezas no silencio
perdido numa brasa
que nunca chama.
essas loucuras
que a vida proporciona
que qualquer afago
só é sentido como luxo
por quem conhece a pobreza
até um tapa é um carinho
no rosto
que nunca viu delicadeza.


sábado, 20 de setembro de 2014

blues da perfeição

blues da perfeição

poemas sem letra A
a prática
leva a perfeição
e a caneta só custou um real
e não sou de igreja
e não sou de ninguém
vivo escapando
a prática
leva a perfeição
eu tenho uma caneta dourada
e a caneta
obedece a qualquer mão
é uma puta!
a pratica
leva a perfeição
estou rindo e você não
curta a minha vida
passe a língua no anzol
eu prefiro o dia cinza
e eu sei que você não
tudo é treino
a prática
leva a perfeição
a rima foi embora
tinha cólica
coisa de menstruação
abriu a porta e foi andando
pra comemorar escrevi esse poema
não senti nada
a pratica
leva a perfeição.

invasores de corpos

invasores de corpos

onde quer que se vá
o mesmo tipo humano
corpos vazios
seguindo as tendências
obedecendo pacientes.
prato servido é marmita,
alumínio,
isopor.
enquanto pensam
no tamanho da bunda,
na marca do carro.
carros...
atraem bundas,
bundas exatas
atraem carros....
física quântica
atratores estranhos.
passo adiante,
a fila andou
onde quer que se vá
o mesmo tipo humano
por aí...
os invasores de corpos
desistiram.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

talento

talento

um padre cantor
combate demônios na TV
conto as horas
pro mundo acabar.
ela dorme
tranqüila por fora
não faz questão
de saber,
se já foi
ou ainda vai ser.
o mundo
totalmente louco,
pior do que penso.
os demônios
são totalmente amadores
mas o padre...
esse sim,
é perfeito.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

sobre a perfeição

sobre a perfeição

nada funciona,
nada é como deveria ser,
ou o contrário?
e tudo está Perfeito.
decadência exata.
o lado riscado # da moeda.
é nossa melhor CARA.
a alma aparente dói,
como um nervo exposto.
e sorri,
faltando um dente,
causando repulsa,
e tudo mais que é oposto da ternura,
ao outro que passa.
a falha...
nós somos a falha,
suicidas falando de amor,
Estripador sem navalha,
putas... nada sensuais.
eu só aceito a verdade,
nem menos,
nem mais.



domingo, 8 de junho de 2014

O Demonio e eu

O Demônio e eu

eu tinha cortado o cabelo
e usava bastante gel,
não ligava nem um pouco.
tinha 12 reais na carteira
e dor no joelho esquerdo.
5°C as 7:00 da manhã
e eu podia morrer ali
ouvindo gimme shelter,
as pessoas na rua
não valiam nada,
e eu podia matar ali
ouvindo gimme shelter.
o Demônio guiava meus olhos,
e contra a vontade de todos,
eu me sentia bem.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

do estranhamento

do estranhamento

estranho
eternamente estranho
barbudo, louco,
o hipotético patético
atual, oportuno
y no.
os olhos,
que viam longe,
estão fechados.
o antigo está distante
o novo não é ninguém.
é só um estranho
um pobre estranho
e com ele eu vou.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

monitor

monitor

nova ordem mundial
uma pin-up
uma bobber
uma Harley
um poema
um tango
uma pena
uma pílula (tão pequena)
uma ponte,
longa e estreita,
a Havana de 90
uma caixa de charutos
guitarras e o som
do aspirador de pó.
o olho que tudo vê
acompanhando meu olhar
nos algoritmos
do anoitecer
ao amanhecer.