segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

irreconhecível

irreconhecível

desfigurado,
não conheço mais ninguém...
tudo bem.
desconfigurado,
desplugado do politicamente correto.
sou achincalhado,
estou nú
escrevo o que sinto
ou escrevo o que penso?
descrevo.
ninguém que saber o que passa,
ninguém assume os próprios defeitos,
pois a verdade é um espelho muito grande,
e os espelhos machucam a vaidade.
isso aqui é uma golfada,
só isso.
sigo anônimo
observando o desfile infeliz,
de conhecidos
irreconhecíveis,
reflexos meus.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

o lobo entre as ovelhas

o lobo entre as ovelhas

ninguém gosta de mim
e tudo bem
no fundo, quando ninguém vê
também não gosto de ninguém.
escondo minha loucura
nos personagens que criei
e torço pelo fim do mundo
enquanto abro a janela de manhã.
eu bebo café frio e sinto dor
mas ela não me incomoda mais.
é assim
eu sinto a raiva
uma raiva que nem sei
pelos outros
e além.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

o casal no café

o casal no café

Entre um beijo e outro
e um pouco de café
o amor não entendido
sutilmente aprendido
trocando olhares
um homem, uma mulher.
o céu, lilás em desespero
um carinho no cabelo
merengue na colher.
para o amor
o anoitecer
para o casal
sem perceber
eu faço um verso
sem rima
pois o amor é uma neblina
nuvens escuras sem chover